3 de novembro de 2007

Preguiça até de sair de casa...

Sempre que precisei usar de preserverança, consegui resultados positivos. Sempre fui do tipo que não desiste, que segue acreditando que dá, que só pra morte não tem jeito. Brasileiro mesmo. Mas também sempre tive uma dificuldade monstruosa de iniciar projetos, de tocá-los adiante. Sou dono de uma preguiça absurdamente confortável, daquele tipo que até na gente mesmo (que é dono dela) dá raiva. Luto sempre contra ela, tento sempre superá-la, mas até hoje ela me vence, salvo em raras exceções.

Sigo acreditando que ainda conseguirei se não vencê-la, ao menos domá-la... Mas também tenho consciência da dificuldade que é. Existe um mecanismo que faz com que baste eu ouvir ou identificar a necessidade de "ter obrigatoriamente que fazer" algo, para que a preguiça se instale. E mesmo que eu force a barra para fazer aquela coisa que está prevista, ao fazê-la, tal coisa não me parece natural nem prazeirosa. É muito ruim, muito estranho isso. Queria muito descobrir o funcionamento desse mecanismo e aprender a lidar com ele, pois tenho plena consciência do quanto lucraria pra minha vida, mas ainda assim não consigo.

Mas continuo tentando, sem jamais desistir.

29 de outubro de 2007

Mulher pra Casar e Mulher pra Cruzar.

Mais uma vez vou me arriscar a ser queimado em praça pública pelas feministas, ao expor uma característica que para olhos menos inteligentes pode passar por puro machismo. Mas como quem tem olhos pra ver vê, a coisa não é tão preta quanto imagina-se. Nem o buraco é tão mais embaixo assim. Até os quinhentos não são lá aqueles outros não. Existe mulher pra casar e existe mulher pra cruzar. Os homens que aprendem essa diferença caem muito menos em esparrelas, contos da carochinha, e enrolações que suas contrapartes do sexo oposto. Isso é fato. Bem, crianças... em homenagem ao inverno que chegou, vamos às vacas frias...

Nas minhas intermináveis discussões a respeito de mecânicas de relacionamento com amigos e amigas (na verdade, muito mais com amigas, porque os amigos rapidinho entram num acordo e deixa de ser discussão pra ser consenso), sempre esbarrei numa condição que parece muito mais presente no imaginário masculino que no feminino... A diferenciação categórica entre os comportamentos das meninas, que os garotos aprendem a fazer e arrisco a dizer, bem cedo.

Lembro de cenas da época do segundo grau (é, isso mesmo...segundo grau sim. Ensino médio é coisa de quem assiste malhação) onde enquanto as meninas suspiravam, umas romanticamente, e outras tomadas por uma incipiente afliceta (depois eu falo disso!) os rapazes se reuniam e faziam uma espécie de enquete pra tentar especular dentre as meninas da sala, quais já tinham dado e quais não... quais eram mais sem-vergonha e quais levavam jeito de serem caretaças, e por aí vai. Nessa época, se vê muito a diferença de estilos entre as meninas, se descobrem certos detalhes de comportamento, se avalia certos padrões que são muito próprios delas, e aí começa a se estabelecer a maior capacidade masculina de não cair em furadas.

Quando se cresce aprendendo que existe mulher pra casar e mulher pra cruzar (role no túmulo, Simone de Beauvoir!!!!) a chance de gastar dinheiro com lenços Kleenex, passar por "enganado coitadinho" ou se tornar alcoólatra por conta "daquela bandida" diminui sensivelmente. É lógico que como tudo na vida, isso não é uma regra que se aplica de forma exata a tudo e a todas, até porque o ser humano não é máquina. Mas se tomarmos essa facilidade conquistada para fazer a diferenciação como uma ferramenta, descobrimos que ela ajuda pra cacete. E ajuda o cacete também.

O problema não é existirem as pra casar e as pra cruzar... Nem de longe. Ambas são admiráveis e cumprem seus papéis de forma maravilhosamente bela. Ambas tem seu lugar garantido no nosso imaginário. A graça toda em sermos quem somos está justamente na beleza da diferença, e na capacidade que arduamente conquistamos de perceber essa diferença... Ou, se é pra ser sarcástico, pra aceitar essa diferença. Sim, porque conheço milhares de mulheres inteligentes o suficiente para perceber a diferença entre um cara legal e um cara que não presta, mas que se vc colocar um que não presta entre mil que prestam, e mandar elas escolherem, adivinha quem é o sorteado! Parabéns, acertou! Ganhou um canalha desgraçado que vai te fazer chorar o resto das suas noites solitárias!!!! (Ah, confessa vai! Ser feliz é o escambau, mulherada!!! Vocês gostam é de tomar na cabeça mesmo, não é?) Se não, por que continuam escolhendo mal desse jeito.
Mas essa de escolher mal é assunto pra outro post. Nesse aqui já lati o meu recado.
Fui!

18 de setembro de 2007

Day After

O trabalho corre com tranquilidade, mesclando momentos de sono, impaciência e tédio. Um arquivo teimoso insiste em dar errado toda vez que está prestes a ser fechado. Nada que um pedido de ajuda não resolva, mas mesmo assim dá vontade de deixar pra depois. O almoço é mais propício a andar pelas ruas em volta do prédio . É bom ver gente. Ainda que apenas pra comparar, medir, especular, treinar o olhar. É um daqueles dias em que se sente mais alheio de si mesmo do que seria possível. O abandono ao pensamento não impede que se vá ao banco, pagar uma conta, depositar um cheque. Claro que no caixa automático, pois esse é o máximo de fila que admite-se enfrentar. E o máximo de realidade que a sensação de flutuação no estar alheio permite sem desfazer-se.

A tarde transcorre após o almoço da mesma forma lenta, bocejando minuto após minuto. Quando se chega ao ponto de quase dormir, um copo d'água, uma conversa, um levantar da cadeira e uma olhada rápida no jornal ajudam a evitar o supremo prazer que seria esticar em qualquer lugar e tirar uma bela soneca de uma hora, uma hora e meia. Se o arquivo não desse errado com tanta insistência, certamente seria um dia mais alegre. Assisti o sol se despedir da cidade pela janela, e recebi a noite que se aproximava com certa serenidade. A cada momento esperei o trabalho escorrer para sua conclusão. O problema até foi resolvido, mas no fundo não era essa minha inquietação.

Sai por último, depois que todos já tinham saído. Tranca-se a sala... Caminha-se prazeirosamente até o ponto mais distante, pelo simples prazer de fazer o percurso de volta sentado e cochilando com abandono quase pagão. No confortável assento escolhido, chega-se a uma importante conclusão... Ir dormir tarde na noite anterior depois de ter bebido umas boas geladas, batido bastante papo e efetivamente se divertido... faz essas coisas com o dia seguite da pessoa. Pelo menos quando é meio de semana. Mas apesar de todo esse clima constatatório... Não há do que reclamar. Não mesmo. A creveja estava ótima.

13 de setembro de 2007

Uma crônica sobre nada.

Ele acorda meio moído, como se saísse aos poucos de dentro de um caminhão de frigorífico que despencou ribanceira abaixo. O despertador não quer saber de nada, e continua apitando freneticamente, como uma mulher mal-comida. Sem perceber, ele passa uns 5 minutos tentando ignorar o despertador, fazendo cara de "não tô nem aí". Estica o braço para abrir as persianas e deixar um pouco de luz entrar no quarto. Olha pro lado, vê a hora. Um minuto passa no visor. O vizinho de baixo já está em atividade. O rádio ligado, tocando um pagode que nunca deveria ter sido composto, de tamanha afronta que representa ao gênero musical. Por sorte a música está em seus momentos finais. Entra a locutora da rádio, dizendo que a rádio é um amor. Ele fica com vontade de mandar a rádio, o compositor da música e a locutora tomarem no cu. Com a homeopática dose de bom humor que esse pensamento lhe traz, ele se anima a levantar da cama.

Pega uma cueca na gaveta, liga seu próprio rádio e se dirige ao banheiro. No rádio, o programa de notícias com locutores metidos a engraçadinhos. Chega até a ser divertido porque os locutores parecem tão fora de contexto que chegam a ser divertidos. É como de um cara que conta uma piada sem graça mas que não percebe que estão rindo dele mesmo e não da piada.
Banho, barba, escovar os dentes, roupa. Esqueceram de avisar que ainda é primavera, maldito clima do Rio de Janeiro. Um sol que já denuncia um calor incômodo na hora do almoço aparece, tão insistente quanto o pagode que tocava no rádio do vizinho. Ele chega ao ponto de ônibus no horário de sempre, nem muito adiantado nem atrasado ainda, dependendo da boa vontade do trânsito de qualquer maneira. O ônibus demora o suficiente para fazê-lo ficar com vontade de pegar o executivo. Mas é besteira. Pagar mais caro, por um pouco mais de conforto, mas ainda assim chegando atrasado se o trânsito estiver ruim não vale a pena.

No ônibus, ele passa pela praia. A visão de um mar que reflete o azul do céu faz com que ele quase se sinta feliz. Não que não tenha seus motivos. Mas para se sentir feliz não basta o mar refletindo o sol. Precisa só um pouquinho mais.

9 de setembro de 2007

Porradas no baú da memória...


É engraçada a memória da gente. Às vezes a gente revira o baú e acha uns casos escabrosos e intrigantes, que quase foram fadados ao esquecimento, mas que um dia aparecem, e se mostram ainda tão cheios de mistério quanto no dia em que nos foram apresentados pela primeira vez. Do nada hoje, eu lembrei de um terrível.

Idos dos anos 80, madrugada, voltando de algum baile ou festinha, Marco, André e Demétrius, os Ferreira Brothers, irmãos mais velhos de um grande amigo meu de infância, estavam passando pela "dezesseis", uma rua comercial não muito movimentada nas madrugadas do centro da cidade. Dentre os sons da noite, puderam ouvir alguns xingamentos que uma voz masculina proferia...

-Piranha!!!!(seguido de um "ooof!")
-Vagabunda!!!! (seguido de outro "ooof!")


Diziam que o barulho parecia aquele efeito sonoro do desenho da Pantera-Cor-de-Rosa, de quando alguém estabacava-se no chão. E a cena se apresentou, com todo seu colorido Rodrigueano... Um cara desferia socos em uma mulher, ambos jovens e bem vestidos. Não precisou nem pensar, Marco deu um tapa na orelha, André meteu o pé no peito do cara, jogou ele de encontro à porta de metal de uma loja, e Demetrius enquadrou o meliante pelos colarinhos...
Fomos educados numa época em que a mãe da gente ensinava que em mulher não se bate de maneira nenhuma (tá, tudo bem, a não ser que estejamos pelados e isso seja fundamental para que ela consiga gozar, e ela peça muito... mas isso é outra categoria de bater, convenhamos).
De qualquer forma, depois de devidamente separada a briga, o André já amparava a moça. Era loira, bonita mas estava quase verde por conta do socão no estômago.

-Que porra é essa, meu irmão? Tá maluco? Batendo em mulher?
-Me larga, maluco! Me larga que eu vou matar essa filhadaputa - esperneava - o doido.

Mais um pescoção e ele acalmou um pouco. Mas não parou de falar.

-Eu peguei ela na nossa cama com o nosso padrinho de casamento! Na cama! Eu mato essa filhadaputa!

Os Ferreira Brothers cansaram de ser compreensivos e já procuravam um jeito de chamar uma patrulha da polícia, enquanto pensavam se davam ou não mais uns tapas no vagabundo, quando decidiram que um corretivo pro mané não cairia mal enquanto a polícia não vinha pegar o pacote. Eis que depois de umas bolachas, ouve-se finalmente a voz da moça... já meio recuperada do trauma:

-Não bate nele nãaaaoooooo!!!

Empurrou os três pra longe do agressor... Ao som de um "mas que porra é essa?" que algum dos Ferreira Brothers (provavelmente o André) disse, o argumento definitivo:

-Pára! Pára! Larga ele!!! "Eu amo ele"!!! "Eu amo ele"!!! "Eu amo ele"!!! (sic)

Entreolharam-se os Ferreira Brothers, o inimaginável "eu amo ele" ecoando na noite. Largaram o cara, desanimados. Deram as costas e foram embora, como se nada houvesse acontecido. Desistiram de chamar polícia também. Nunca conseguiram chegar numa conclusão a respeito, mas algumas vezes eles suspeitam de que quando estavam quase virando a esquina, ainda conseguiram ouvir na distância, um "oooof" abafado. Vai saber, né?

5 de setembro de 2007

Um dia de Gato


Hoje o Vira-Latas ficou de rei... Foi almoçar no St. Peter's Market em Nikiti City, pra acompanhar a mana e o cunhado americano pra comerem "a melhor sardinha que já comi" (palavras do gringo)...


Antarctica Original, a já tradicional sardinha do mercadão... irretocável... isso pra abrir os trabalhos. Depois, um pampo grandão, em postas com arroz e pirão. Uma pimentinha esperta, e a sequência da cerveja. Fechou! Ô almoço bom... coisa de gente grande. Aproveitei a moleza da mana e do cunhado estarem pagando e paguei uma porção extra de sardinhas pra levarem pra nossa mãe lá na serra... Ela gosta muintcho... desde a primeira vez que veio aqui...

Daí, foi isso... Cheguei em casa, liguei o ventilador, e chapei igual sucuri que comeu boi...

30 de agosto de 2007

O Bom Vira-Latas não dá sopa pro azar

♪ O VL não morreu, foi ao inferno e voltou ♪... (bom... menos. Não digo inferno, digamos que apenas encontrei com o capeta no meio do caminho, mas tá valendo). Continuo no processo de isustentável leveza do meu ser canino... Ando meio apartado de certas coisas, por escolha própria, priorizei algumas coisas na minha vida e em cima dessa recente busca por sossego, algumas coisas legais estão acontecendo. Muito legais até.

Estou prestes a resolver um entrave de 3 anos de idade, uma coisa simbólica nada tão importante assim, mas de qualquer forma, algo que pode representar de forma (novamente)simbólica um passo adiante pra me livrar de uma velha vida, de uma velha pele, de uma velha carcaça, sei lá. Eu ando tão chato com essas coisas ultimamente, que até pensar demais em certas coisas tenho evitado. Desfilosofar é a palavra de ordem. É bom? É. Então tá bom. É ruim? É. Então obrigado, não quero. Simples assim.

Só que como não dá pra ser assim nem com tudo nem com todos, preferi aprender a lidar com isso primeiro, pra depois sair por aí socializando novamente. Mas não virei ermitão. E nesse papo de desfilosofia, tenho contado com uma ajuda maravilhosamente oportuna.

Agora, um recado pra patife da Ana: eu tenho certeza que tu ganhou na loteria, sua gaiata! Deixa quieto... quando a minha separação sair, eu vou voltar a jogar e ficar muito mais rico que tú!

Até mais ver

21 de agosto de 2007

A Insustentável Leveza do Vira-Latas

Tem épocas na vida de um cachorro em que a gente fica meio alheio a tudo. Pára realmente pra pensar em valores, em círculos, em atitudes, em mudanças e em posturas a serem ou não tomadas. O que me desagrada é que justamente nesses períodos, parece que as pessoas esperam que ponhamos um outdoor ao nosso lado, escrito algo do tipo, "Desculpe o transtorno, estamos em obras".

E o pior é que muitas das vezes, as pessoas que mais esperam por ver o outdoor são a principal razão de entrarmos em reforma urbanística, ou vá lá, cachorrística mesmo. Tem muita gente que não entende que simplesmente tem dias que a pessoa não tá a fim de corresponder às expectativas de ninguém além das próprias, que já são carga suficiente pra carregar.

Mas, por incrível que pareça, pelo menos pra este canino que aqui late, é justamente nesses períodos estranhos que a vida acaba mostrando alguns caminhos inusitados... Por exemplo... Quem diria que em um período tão cheio de interrogações a pessoa vai descobrir que um pouco de "deixar as coisas seguirem seu ritmo" acaba sendo a melhor saída. Em vez de ficar esperneando pra forçar qualquer coisa acontecer, me concentrar em fazer as coisas pequenas direito, e não tentar ficar olhando o quadro todo antes dele estar pronto.

No fim, gastei esse papo todo pra dizer que muita coisa vai mudar em breve, mas não porque a barra está sendo forçada. Justamente porque o não forçar é que causa as revoluções. Pelo menos pra quem tem olhos pra ver. E se isso tudo aqui parecer um pouco incompreensível... Bom, é porque há desdobramentos e desdobramentos. Esse assunto ainda está longa de terminar

1 de julho de 2007

Micro Conto

Não são ainda seis da manhã e a moça deixa o calor de seu lar. Os pingos da chuva caem irregularmente, como crianças soltas no pátio da escola. A grande cidade acorda, com a cara amarrada de seu sono mal dormido. Sua estrutura de concreto, asfalto e fumaça se remexe, sacode levemente e aos poucos inicia sua falta de sossego diária.

A moça segue seu caminho, reclamando para si mesma do frio que faz, sentindo falta da luz do sol, do calor, de um pouco de ar puro, de árvores, de cheiro de terra. À medida que vai se aproximando do trabalho, pensamentos mais agradáveis começam a povoar sua mente, lembranças de sorrisos,de um caso engraçado contado por um colega (ou aluno, ela não se lembra bem) ou mesmo de uma mensagem recebida. Um sorriso lhe vem. Aí o dia realmente começa. Nesse exato momento, a chuva começa a cair mais devagar.

3 de junho de 2007

Vira Latas Responde

Perguntaram:

"Quem é o maior inimigo do povo brasileiro?"

O Vira-Latas respondeu:

Acho a questão complexa... mas passa pelo povo. O povo é gado. Foi criado pra ser assim e se mantém assim... Creio que pra chegar ao ponto de mudar uma coisa pra melhor, vai demorar um pouco ainda... Talvez nossos filhos ainda vejam alguma melhora... Nossos netos é provável, mas nós não testemunharemos isso ainda.
Quando o Brasil se tornou república, nasceu como nação, foi formatado a partir de um modelo monarquista que era em uma análise grossa, exatamente igual ao que temos hoje: Um Rei e sua família, cercado por uma pequena parcela da população que seria a sua nobreza e ministérios, e uma massa de 95% de gado que vive miseravelmente para sustentar os privilégios daqueles 5% da "nobreza".
Hoje, a nobreza é brasília... presidente, elite política e uns poucos grandes empresários, tanto urbanos quanto agrários, coronéis e donos de meios de comunicação.
E o resto "somos nozes", que de forma lamentável na esmagadora maioria, ficamos felizes com ter dinheiro pra comprar cerveja, fazer churrasco e dançar pagode e axé no fim de semana.
Usamos essas coisas como um sedativo, pra disfarçar nossa incapacidade de promover mudanças que afetem o "status quo" que interessa somente aos que fazem parte dos 5% que estão no topo da pirâmide.

30 de maio de 2007

Vida, Gente, e uma coisa desconhecida chamada amanhã.



Um dia desses eu me peguei pensando se vai dar tempo de casar (de novo), ter filho, família, essas coisas todas. Fiquei meio puto com esse assunto. Cara, hoje eu não consigo mais pensar nisso. Não por não querer, ou por querer algo impossível ou muito difícil de realizar, mas por achar que é muita coisa. Ter controle dos eventos que cercam a nossa própria vida já é difícil, imagino fazer a coisa funcionar com tantos fatores externos atrelados. Sei que qualquer mané consegue casar, ter filho e fazer família, mas até aí eu não quero SER mané, nem ter filhos manés nem uma família mané.

Algumas vezes, as coisas ruins que acontecem na vida da gente ensinam a gente a correr mais, só que outras vezes, ensinam a gente a ter precaução também. Quando eu olho pras pessoas na rua hoje, eu já não vejo tantas possibilidades quanto eu via há um tempo atrás... Hoje eu vejo as pessoas, e só consigo enxergar gente que tem problemas... Uns com mais, outros com menos, uns com problemas que só afetam a eles mesmos, já outros com problemas que afetam a todo mundo à volta deles. Acabo viajando e deixando de pensar nisso pra não ficar mais chateado do que já ando normalmente.

Não digo que a dor da perda me assalte, porque pra mim, me livrar de algo ruim não é perda. Graças a Deus minha cidadania Geminiana me garante o salvo-conduto pra fora de uma relação podre com o mínimo possível de seqüelas. E antes que alguém diga que eu tenho sorte, deixo claro aqui que não tem um dia em que eu não dê graças ao Grande Parceiro lá em cima por ter me me mandado pro planeta já com esse software instalado. Agora, que mesmo não sofrendo, a sensação que dá é um certo "e aí?", bom, isso é.

Gente do meu signo tem fama de não-sentimental, mas isso é uma mentira da porra. Sentimentos há. Honestos pra caramba. Do tipo que quando você tem, que quando vc tá com a mulher e ela te faz sentir bem, e os dois tão bem, e tudo tá bem, FICA bem mesmo. Só que em volta de tudo, existe gente... E gente é o que complica a porra toda.

Cara, hoje eu nem sei o porquê do porquê da coisa. Não sei nem o fim do que vou escrever, nem sei o fim da história que eu estou escrevendo pra mim. Deve ser o disco do Gilberto Gil que eu tava ouvindo ainda há pouco. O pior é que eu começo a sentir aquela vontade de acabar logo esse capítulo pra ver se o próximo vem um pouco melhor.

Espero.

27 de maio de 2007

2.0: Da série "Cenas que Gostaríamos de Ver"

Publicado originalmente em: 27/04/2006

Eu sempre quis viver para ver o dia em que seria descoberto e publicamente exposto o criador de um desses famosos hoaxes. Não me surpreenderia se descobríssemos que a criatura (seria homem ou mulher?) fosse responsável pela criação não de um apenas, mas de vários desses famosos boatos que circularam nos últimos anos. Que catarse mundial seria saber que a caixa de mensagens do indivíduo iria ser invadida por milhões de emails, com uma diferença das farsas movidas a ctrl+c/ctrl+v criadas por essa pessoa: seriam todos autênticos, escritos linha por linha, na hora, inspirados pela vingança e pela sensação de "justiça sendo feita" de milhares de internautas do mundo todo.

Criariam-se sites e comunidades do tipo: "fulana, vc não tem coisa melhor pra fazer?", "eu odeio o fulano", "fulano, devolva meu tempo perdido". Circulariam imagens do cara (ou da mulher) travestido(a) via photoshop de todas as formas possíveis e imagináveis de sacanagem humilhativa. Em vez de 15 minutos de fama, o "hoaxer supremo" seria alvo de sacanagens para o resto de sua vida, virtual.

E por um breve período, saberiamos como é um mundo virtual sem tantas mensagens de "pessoas que já morreram", "ovos de barata na lingua de alguém", "serviços gratuitos que passarão a ser pagos", "A Ericsson e a Nokia estão distribuindo celulares grátis","A Nestlé enviará um cesta com produtos se você reenviar o e-mail para 15 pessoas" e coisas do tipo...

Sonhar não custa nada.

26 de maio de 2007

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo II

Publicado Originalmente em: 10/06/06

Eu comecei falando sobre a rejeição, mas não um tipo de rejeição comum. a rejeição a que me refiro é uma que tem um poder muito maior de machucar o nosso ego... a rejeição auto-imposta, ou ainda, baseada em uma ilusão criada por nós mesmos.

Na história que contei da época da escola, não sei se ficou claro o fato que em momento algum, a garota correspondeu ao sentimento que direcionei a ela. Em momento algum, ela tomou qualquer atitude que justificasse minha paixão, que desse a entender uma reciprocidade ao meu sentimento. Daí, eu pergunto... que "amor" é esse que se apóia em tanta unilateralidade? Que sentimento é esse que ditatorialmente, sem perguntar nem querer saber de mais nada, decide que devemos viver em função de pensar e querer e desejar estar com alguém?

Quando eu percebi, naquele baile de formatura, que foi a simples educação que a fez me acompanhar até ali, que o simples fato de que ela não sentia nada por mim que a fez desobrigar-se de ficar ao meu lado no salão, exceto durante os 15 primeiros minutos, foi o momento em que algo mudou. O momento em que alcancei um entendimento interior, algo como envelhecer alguns anos em alguns minutos. Lógico que me senti mal. Lógico que tive uma certa raiva de ver que o motivo da saída dela do meu lado foi a atenção que ela dispensou ao "capitão do time de futebol". E ali, ficou claro a escolha que eu teria que fazer. Ou viver caindo de paixões por qualquer coisa que fizesse com que eu me sentisse mais vivo, ou aprender a gostar de viver comigo mesmo, sem depender definitivamente de fatores sentimentais, ou ainda da aprovação ou do sentimento de uma outra pessoa para isso.

O baile passou. Aprendi a sair à noite. Aprendi a beber cerveja. Aprendi todo esse currículo da solteirice, da juventude. Aprendi até a paquerar. Ok, admito, a paquerar aprendi bem devagar, fui péssimo aluno, mas aprendi.

Fui vendo que meu coração tinha uma casca. Não uma parede intransponível, não uma prisão. Uma casca boa, um invólucro que protege e deixa entrar apenas o que é de direito. Aprendi que não precisaria me fechar. Aprendi que podia colocar pra fora desse coração tudo que fosse necessário. A casca deixava passar. Ela só amortecia as pancadas que chegavam, e o que era melhor... Tudo que chegava com suavidade, com delicadeza, e com carinho... a casca deixava passar.

Não tenho a petulância dizer que é fácil, que cada um consegue. Eu mesmo não saberia dizer como consegui. Só sei que não tem uma única vez em que eu não pense nisso e não agradeça por ter conquistado esse entendimento.

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo I

Postado originalmente em: 30/05/2006

O que é preciso para se desenvolver uma blindagem emocional que nos deixe resistentes para assimilar os golpes, mas que ao mesmo tempo não nos impeça de expressar livremente nossos sentimentos? O que pode fazer um equilíbrio entre o quebrar constante e resignado da cara contra o muro e o total amortecimento dos sentimentos?

Acho que quando tinha 14 anos, vivi uma história típica de filmes de High School americanos... O "cara invisível" que se apaixona pela lindona da classe. Paixão daquelas desembestadas, de ver alguém parecido com ela na rua e perder a respiração. De sonhar com ela, seja dormindo ou acordado. De perder aulas inteiras decorando cada detalhe que a compunha. Tá, bom... já deu pra sacar, né? Pois é. Aí veio formatura, aquela coisa toda. No dia da cerimônia, tomei a decisão mais ridiculamente corajosa que podia ter tomado... Chamei-a pra ir comigo ao balie. Me apeguei em coisas tais como o fato da mãe dela ter achado "lindo" eu ter tido a atitude de chamá-la. Brincadeira, não? Sei que hoje em dia, numa época em que crianças de 12 anos já fazem sexo normalmente(?), isso parece meio ridículo, mas naquela época era meio assim.

Chegou o dia do baile, arrumação, roupa social, tudo em cima, nos conformes... Encontrar, carona, baile. Ela estava linda. Não. Deslumbrante. Claro... o olhar de quem está apaixonado. Baile, dança, e ali eu senti o futuro. Vislumbrei a vida como seria. No momento em que senti que ela não me dava atenção alguma, que o olhar se dirigia para outro lado. Descobri que havia em algum lugar naquele baile uma espécie de "capitão do time de futebol americano" sobre quem o olhar dela iria pousar. Típico. Ali nasceu um coração diferente. Ali, no destroçar de uma paixão adolescente, no momento da morte de toda uma mitologia de fantasias, eu aprendi mais do que poderia ter aprendido em anos. Quantas vezes no futuro eu agradeci por ter os olhos para ver, por ter conquistado essa visão naquele momento.

Claro que dói. Claro que envergonha. Mas lidar com esse tipo de perda, aprender a rechaçar a rejeição, foi fundamental para momentos chave pelos quais passei no futuro. Aprendi a ter cautela. Aprendi que amar pode ser como fazer uma expedição em um terreno selvagem e pantanoso... é gratificante, mas cheio de perigos. Você dá um passo, mas sem tirar o pé do passo anterior. Você não mergulha num lago, sem antes testar a água. Você não come um peixe, sem antes saber se ele é bom de comer ou se é venenoso. É difícil, às vezes se demora uma vida pra aprender, mas às vezes basta um sonho quebrar.

25 de maio de 2007

2.0: A Nova Onda

Esses dias, em uma das comunidades que participo no porkut, apareceu uma moça postando um textículo pretensamente engraçado, desses que se espalham por email nessa new wave sexista que tem por aí. O treco dizia que toda mulher tem que ter 2 homens, o marido e o amante, etc. etc. etc. Descrevia as qualidades de um e de outro, o que um tem e o outro não, tal e coisa. Até aí, normal. Nem achei nada demais... parecia que foi um homem que escreveu aquilo.

Mas alguns posts abaixo, depois de algumas manifestações de apoio feminino a algo tão nonsense, eu resolvi colocar meu parecer. Não é que logo veio uma dona querer dar uma de atingida com meu comentário? A mulher vem e diz:

Caracas... por que toda manifestação de liberdade da mulher é chamada logo de putaria!?? Tá...É prá reprimir e assustar as mulheres: tipo... não façam isso... só os homens podem! Afff!!!

Como todos sabem que cutucar cachorro na hora que ele tá comendo é perigoso, mas ao que parece, essa criatura aí não sabia, eu rosnei pra ela:
Não confundir manifestação de liberdade com "vou fazer com eles as mesmas coisas erradas que eles sempre fizeram com a gente". Isso tem um nome, se chama revanchismo e não ajuda em nada... É uma simplificação esdrúxula de uma realidade ruim, transformando mulheres que antes não faziam nada de errado a terceiros em verdadeiros "cafajestes de saia" que nada acrescentam à humanidade. Um erro não justifica outro. Na verdade essa "nova atitude" feminina (que convenhamos, é um belo de um faniquito que de novo não tem nada) só contribui pra aumentar esta zona que aí está. E no final nem homens nem mulheres ganham, fica aquele vazio, porque a vida do "canalha"(seja homem ou mulher) é tremendamente vazia. Aí, no final, afogam-se todos em um mar de cinismo, onde ninguém mais se entende. Como eu já disse antes, parafraseando um cara do rádio, "É o apocalipse"!

Eu falei pra vocês que eu ando rabugento...

2.0: O Sistema Auto-Perdoante Feminino (Rev 1.4)


Publicado originalmente em: 25 de abril de 2006

Sabe uma coisa que eu nunca entendi nas mulheres? Essa capacidade que elas têm de se autodesculparem... Uma coisa do tipo "é, eu misturei as coisas, mas foi assim mesmo"... como se o "ser assim mesmo" fosse desculpa pra toda e qualquer coisa...
(Observem que isso é uma generalização proposital, para efeito de análise.) Desculpem a interrupção... é que de vez em quando eu tenho que dar essa explicação porque tem mulher que já passou dos 40, já fez 2 ou 3 faculdades mas não consegue entender isso.
Tudo que refere a sentimento pra vocês é automaticamente autoperdoado, sabe, é como dirigir um carro onde o volante não funciona... E isso sempre me intrigou profundamente.
Os homens têm sentimentos, assim como vocês, mas a gente assume com muito mais frequência o fato e as consequências das coisas que fazemos movidos por esses sentimentos. Você normalmente não vê um homem dizendo, "ah, fiz merda, mas deixa pra lá" pra essas coisas... A gente até faz, mas se sente culpado, se sente na necessidade de fazer algo pra remediar... ou tendo a responsabilidade de fazer algo pra reparar a merda feita, etc.

Por isso que na maioria das vezes em que os homens traem, as mulheres percebem mais do que eles percebem quando as mulheres traem. Quando o homem trai, a culpa faz ele ficar diferente... a mulher não tem a mesma culpa... Ela justifica tudo que ela faz por ela mesma... A mulher me parece, a grosso modo, potencialmente mais inescrupulosa sentimentalmente... Reparem bem pra vocês verem. É uma forma de não se martirizar por algo que já aconteceu, não tem mais jeito? Pode ser, talvez até.

Se um homem cai em erro, (e se normalmente ele não é disso, excluindo-se daí os canalhas patológicos) ele fica mal pelo que fez. Se é uma mulher, ela nem liga. Se auto-perdoa e vai em frente. Tanto que muitas vezes quando uma mulher comprometida chega ao ponto de trair, é pq a relação já está pra lá de Ulan-Bator... E estando pra lá de Ulan-Bator, a autoculpabilidade dela também vai estar por lá.

Mas vejam: afirmo que respeito as diferenças.. apenas me reservo o direito de me revoltar com algumas delas.

23 de maio de 2007

2.0: O Mini-Manifesto Vira-Latas

Eu escolho o vira-latas. Ele pode não ter a linda e brilhante aparência muscular de um aristocrata documentado, mas desafio qualquer uma a encontrar um aristocrata tão calmo e concentrado.

Ele não possui a graça e a vistosa aparência de um playboy red nose, mas por outro lado, não é geneticamente inclinado a ter doenças, epilepsias, depressões, desequilíbrios ou deficiências similares. Com cruzamentos não selecionados, chegou-se ao que melhor existe na espécie nos últimos 12.000 anos.

A resistência, aliada à flexibilidade. O companheirismo aliado ao instinto de liberdade. A sociabilidade aliada à lealdade. A inteligência aliada à praticidade. E a beleza improvável e totalmente fora dos padrões.

A beleza padronizada pode até mesmo ser importante, mas tão importante quanto a beleza é tudo aquilo que nos traz surpresas, admiração e nos encanta. O subjetivo, o subversivo, só que carinhosamente apresentado. Esse é o espirito do Homem Vira-Latas.

Dois ponto Zero

Vou reorganizar umas coisas por aqui. Como parte dessa reorganização, vou começar a usar os marcadores, e vou trazer uns posts antigos, do tempo em que eu tinha zero leitores (não que hoje eu tenha muito mais que isso) de volta do limbo, reformatados e com uma ou outra correção estética.

Pro caso de alguém ficar curioso, todo post que tiver sido "resgatado" lá do início, vai ser iniciado com "2.0" pra indicar e evitar espanto com algum anacronismo.

Também pode ser que eu troque o modelo do blog também. Esou meio de saco cheio com esse. Mas não é certo ainda.

Bom, é isso.

22 de maio de 2007

Love is a Junkyard Dog




Imagine que o amor e a paixão são cães. Imagine que são dois tipos bem diferentes de pulguentos, e partindo desse pressuposto você vai ter algo como o que eu descrevo a seguir.

A Paixão é aquela criatura que você vê um dia, passando em frente a uma pet shop, a te olhar com aqueles olhos brilhantes. Irresistíveis, simplesmente irresistíveis. Você entra hipnotizado na pet shop, disposto a pagar qualquer preço pra levar aquele bicho pra sua casa. Mesmo que o limite do seu cartão vá pra casa do cacete. Mesmo que você saiba que é uma compra impulsiva e que isso vá te gerar custos adicionais. Você compra. Compra com prazer. E vai pra casa, todo feliz, com a criaturinha no colo, a te lamber a cara. Só que você nem repara que junto com a criatura, vai um monte de bugigangas, remédios, coleiras anti-pulgas, vermífugos, ossos de borracha e afins. Afinal, a Paixão é de raça, tem pedigree e requer cuidados mais do que especiais.

Passa o tempo. Você olha pra Paixão e vê que ela não é mais aquela mesma criaturinha engraçadinha que você viu na vitrine da loja naquele dia. Você não admite de pronto, mas no fundo você sabe que a Paixão te dá mais trabalho do que você esperava. É muito banho, é muita tosa, é muito remedinho. Uma hora é uma doença estranha, outra hora a Paixão tá estressada. Você trata ela bem, como sempre, mas parece que quanto mais você trata bem, mais merdas a paixão faz na tua casa.

Um dia você chega e descobre que a Paixão destruiu todas as tuas almofadas. Mastigou metade dos teus CDs. Engoliu o pen drive onde estava aquele trabalho que você fez durante um mês, e que pr Obra de São Murphy, só tinha backup até semana passada. Você começa a ficar meio decepcionado com a Paixão. Você não entende como uma criatura que você trouxe da pet shop com tanto carinho, pra quem você deu do bom e do melhor, se comporta daquela forma. Você deu a ela toda a atenção que se poderia esperar, todos os acessórios necessários para o bem estar da Paixão estavam lá... Mesmo que isso significasse que você tinha que comer pão com salsicha o resto do mês. Mas nada disso a satisfazia. Até que um dia ela se irrita sabe-se lá com que, e te morde. É, isso mesmo. Te morde. Mete os dentes na tua carne, arranca um pouco de sangue. Você olha pra ela e não a reconhece mais. Aquela criatura com olhos brilhantes que você viu na pet shop no que parece ser um dia há muito, muito tempo atrás não faz mais parte do quadro que aparece na sua frente. Você vê apenas uma criatura estranha, com os dentes arreganhados, estranhamente hostil, rosnando baixinho pra você. Como se você fosse um inimigo. Nesse momento, você simplesmente pega o telefone e começa a tentar arrumar alguém que queira ficar com a Paixão, porque com você não dá mais. Você sabe que se fosse uma pessoa um pouco mais cruel, consideraria chumbinho, mas esse não é o caso. Você quer vida, e de violência, basta o sangue que está escorrendo da sua mão.


Já o Amor, bem... Esse é outro caso. Normalmente, muita gente confunde a Paixão com ele. Muita gente mesmo. Em grande parte, é por culpa desse confundir é que existe muita desilusão nesse mundo. Muita gente boa, famosa, rica, poderosa e importante confunde, não é privilégio dos pequenos, pobres e desconhecidos. Mas o Amor, o verdadeiro, é muito particular. Ele é um vira-latas... Daquele tipo mais sem-vergonha, que pode passar ao seu lado várias vezes num mesmo dia sem que você ao menos dê por ele. O Amor é silencioso também... ele vagueia pelas ruas da cidade, normalmente de cabecinha baixa, procurando uma lata de onde tirar algo que comer. Ultimamente, ele anda magro, porque tem sido muito pouco alimentado. Às vezes, o pelo está meio sujinho... Uma vez ou outra ele aparece ferido, a despeito dos vira-latas serem forjados nas ruas como os mais resistentes guerreiros, que já nascem lutando pela vida, que como eu tenho o costume de dizer, é "feia, dura, e muito boa de porrada".

Então você vai vivendo sua vida. Nem lembra que o amor existe. Um dia ele aparece na frente da porta da sua casa. Muitas vezes, você não vai levar fé que ele é quem você pensa que é. Aquela coisa, pêlo sujo, olhar sofrido, cara de quem já viu dias muito melhores. Mas no olhar dele, em vez do brilho da paixão, você percebe alguma coisa mais profunda. Não dá pra dizer imediatamente o que é, você só sabe que é algo familiar. Na dúvida você acolhe o Amor. Os dias vão passando, e você aproveita os produtos que sobraram do período em que a Paixão estava na sua casa, dá um belo banho nele. Dá uma ração legal pra ele, e assim, meio discretamente você percebe que o danado do vira-latas mudou. Nem parece aquela figurinha estranha que parou na sua porta. Parece que ele adivinha o que você quer, ou o que você pensa. Você sai pra trabalhar, quando volta, ele não aprontou bagunça na casa. Só pula no teu colo e faz uma festa danada. E você começa a se sentir bem quando chega em casa, mesmo que seu dia tenha sido uma merda, mesmo que aquele contrato não tenha sido fechado e que você tenha tido que aturar o mau humor do seu gerente o dia inteiro. Alguma coisa começa a mudar dentro de você quando você pensa no pulguento.

Cada vez que você chega em casa e ele vem te receber com alegria, cada vez que você está de saco cheio com a vida, e ele vem e fica do seu lado no sofá e só deita a cabeça no seu colo com aquele olhar de quem entende tudo, você começa a lembrar do dia que olhou dentro dos olhos do Amor pela primeira vez, e começa a tentar descobrir porque ele te pareceu tão familiar. Você olha pra ele, o pelo bonito, aquela língua pendurada que faz ele parecer estar rindo pra você, aquela coleira supercara que convenhamos, fica muito mais bonita nele do que ficava na Paixão... De repente você começa a lembrar. Um dia quando você era bem criança, você teve um outro desses. Era vira-latas também. Mas era a coisa mais importante da tua vida. Era um Amor também. E você vivia num mundo em que Amor era a única linguagem que você entendia. Por isso que mesmo depois de todas as porradas que a vida te deu (e ainda vai dar, pode ter certeza), mesmo você quase tendo esquecido dele, quando você olhou pros olhos dele lá na frente da tua porta, com o pelo sujo e aparência de quem já viu dias melhores, ainda assim você sabia que já tinha visto aquele olhar antes... Não era o brilho da paixão, que um dia se transformou (como está destinado a sempre se transformar) em um nada. Era o reconhecimento do Amor, aquele vira-lata que você conhece, que te acompanhou e ficava perto de você quando você ainda estava aprendendo a andar, só pro caso de você se desequilibrar ele não deixar você cair e se machucar. Aquele mesmo, que ficava tomando conta de você no quintal, o próprio, que enfrentou aquele rottweiler pra te proteger, ficou todo machucado mas botou a fera pra correr. E você, olha pro safado do seu lado no sofá, e entende porque ele está ali, o que trouxe ele até a sua porta. O nome dele é Amor, e o papel dele é estar perto de alguém que como você consiga passar pelas aparências e pet shops da vida, e aprenda a ter olhos para ver. É só o que é necessário, porque como eu disse antes, ele passa pela gente todos os dias pelas ruas afora, mas nem todo mundo o enxerga quando ele está ali na nossa porta. Olhos para ver.

20 de maio de 2007


Depois de uma semana de cão, o vira-latas que vos fala precisou tirar uns dias pra descansar.
Não só descansar, mas organizar a defesa. A Cadela Louca, Crazy Bitch pros íntimos, atacou novamente no FDS passado e concluiu a obra na segunda feira. Foi preciso todo um esforço no sentido de movimentar tropas, reforçar estratégias com aliados e buscar apoio até onde não havia esperanças.

Começou uma campanha difamatória via e-mail, movida pela nossa amiga Glenn Close, com direito a distorção de contextos, verdades reescritas sob ângulos opostos e mentiras deslavadas da pior espécie. Cheguei a fazer contato com pessoas da área jurídica, pra saber como correr atrás do pessoal da Sociedade Protetora dos Animais... É isso aí... Nesse caso, o animal sou eu mesmo.

Falando em proteção, nesse retiro que fiz por um bom par de dias, pude retomar um contato com uma certa espiritualidade que vinha perdida desde os tempos de cãozinho nas montanhas. Com direito a reza pra espantar maus espíritos, benção de padre e conversa com rezadeira das boas. Boas notícias, então...

Como sempre, estar na terra natal acaba sempre dando alguma historinha pra contar, e dessa vez não foi diferente. No meio de toda essa busca espiritual, aprendi a beber um negócio que espanta qualquer coisa ruim da gente, e não é nem nada místico não... É algo que custa baratinho e tem no Bar do Everaldo. Basta chegar lá e pedir uma dose de Cachaça mineira com PARATUDO. É isso aí. PARATUDO. O negócio é tão brabo, mas tão brabo, que o espírito ruim, encosto, ebó, o que quer que seja, vai embora da gente de raiva mesmo.

Vira-se o copo, (sem pensar, porque se o treco parar no meio do caminho, é caso de internação) , o negócio desce que desce, depois é só rebater com uma cerveja bem gelada. Garantido contra qualquer coisa ruim que tiver passando pela cabeça da gente. E pra deixar tudo um pouco mais politicamente correto (se é que isso é possível), ainda fiquei sabendo que o treco é feito de um composto de ervas indígenas.

Bom, cá estou, pronto pra mais um round, cheio de cartas na manga, e com um monte de Paratudo nas idéias. Venha quente que eu estou fervendo.

8 de maio de 2007

Freak ou não Freak, eis a questão.

Dia desses eu me peguei pensando na importância da vida sexual na vida de um casal moderno. Bom, na verdade, eu tava pensando em sacanagem mesmo, mas quis começar de um jeito mais palatável aos apetites sexuais mais delicados. Embalado pela minha mais nova "banda preferida de todos os tempos", tive que me render ao lirismo da temática e das letras e admitir que o assunto acabou por assombrar minha mente.

(modo sinceridade absoluta on)
A gente termina o namoro, e fica só pensando em sacanagem...
(modo sinceridade absoluta off)

Por uma incrível coincidência, acabei indo parar naquele blog safado daquela minha amiga, e deparo com uma obra prima no quesito "porquê essa mulherada só reclama". Meu amigo, você lê aquilo ali e não acredita. Primeiro, você não acredita que essa mulherada tem um dedo tão podre... Falando sério. Se você colocar uma delas diante de uma line-up de, digamos, uns 15 suspeitos, e pedir para criatura escolher um, pode ter 105% de certeza que ela vai escolher o mais louco, patife, crápula, e ainda por cima que bate na própria mãe. É certo.

Aí, você tem que testemunhar as "mocinhas indefesas" dizendo que os caras são pervertidos, que os caras são malucos, que os caras são estranhos... Estranhos???? ES-TRA-NHOS??

Cara, no dia que fazer um carinho num lindo e bem cuidado pezinho feminino ou admirar um belo exemplar de axila feminina for tão estranho assim, me tranquem num manicômio... Ou o mundo foi tomado pelos EMOs ou os Gays dominaram a terra.

Esquisito é mulher que só quer transar em 1 posição e ainda se acha no direito de não querer levar chifre. Esquisito é casal que não conversa sobre suas preferências e gostos na cama. Esquisito é não gozar. Esquisito é não sentir prazer. Esquisito
é fazer "grevinha de sexo" porque tá puta com o parceiro. Esquisito é morrer vergonha do próprio corpo e deixar isso afetar o prazer. Esquisito é vagabundo largar a mulher na cama com vontade de trepar e se vai pra frente do PC fazer sexo com uma webcam. Esquisito é a mulher inventar 1.572 desculpas pra não dar pro marido e depois ficar puta porque tomou uma bolada (virtual ou não) nas costas.

Para concluir, esse papo todo me lembrou do episódio de Sex And The City onde a pastel da Carrie tá ficando com um cara maneiríssimo, mas fica cismada que ele é perfeito demais pra ser verdade, então resolve descobrir algum "segredo sujo" dele. Num dia que o cara sai cedo do apartamento pra jogar com os amigos, e ela fica, a demente resolve fuçar nas coisas do cara (!!!) pra ver se acha alguma coisa. Encontra uma caixa de madeira com cadeado dentro de um armário e resolve que ali tem um segredo sujo. A mulher surta, tenta arrombar a caixa com um abridor de envelopes, quando de repente, o cara volta!!!! E pega ela com a boca na botija.

Cara, nunca ri tanto da cara de alguém quanto da dela nesse episódio. Todo castigo pra corno é pouco!!!!! E pra aumentar o grau de crueldade, e consequentemente, o meu de diversão... O cara, diz pra ela que mudou de idéia, que voltou pra ficar com ela... E pega a mulher aprontando uma merda dessas. Pois é... quem é o freak agora, Carrie? Tomaaaaaaaa!!!!

5 de maio de 2007

Não é nada, é só um entardecer.

Trabalhar num sábado no centro da cidade pode ser uma experiência interessante, para aqueles que têm olhos para ver. O ritmo da cidade é diferente, e a despeito da miséria humana e da feiúra urbana, a gente consegue enxergar coisas que elevam um pouco o espírito. E perceber que vivemos em um lugar geograficamente abençoado. Mas não é só isso.

Hoje terminei meus afazeres e saí do escritório naquele horário onde o sol de outono está caindo na tarde, já a caminho do entardecer completo. Na hora de atravessar a ponte, tive uma visão que nem todos os dias está disponível ao observador corriqueiro. A abóbada toda limpa, sem nuvem alguma, do mar da Baía até as montanhas da serra. A luz que o sol jogava naquele momento era aquele amarelo ouro que só vem no outono, aquela luz quente de se ver, mas que não aquece o ar com aquela vontade toda que no verão deixa a gente de mau humor.

Pude olhar à toda volta e não ver nenhuma nuvem. Pude olhar o reflexo no mar e pensar na vida, do jeito que eu gosto e me sentir melhor com relação a um monte de coisas. Às vezes eu me sinto um idiota por ser tão fácil de agradar, por um simples entardecer bonito ser capaz de me deixar contente e por carecer dessa famosa ambição que me cerca a todo momento. Me sinto um idiota por me sentir feliz às vezes, sem precisar andar vestindo, dirigindo e carregando códigos de status. Mas é nessa hora que eu olho em volta, e vejo a cara de outras pessoas que estão perto, tão absorvidas em seus problemas que obviamente não são capazes de ver o cenário, não são capazes de observar o céu de um lado a outro do horizonte. E pior, não são capazes de tirar nada disso. E não são capazes de deixar com que uma tarde os façam nem que seja um pouco mais felizes.

Nessa hora eu não me sinto mais idiota... Nessa hora eu me sinto bem, e fico querendo sinceramente que se danem todos os que têm a chance mas, não conseguem ver a beleza de um entardecer bonito como esse que vi hoje. Sei que muitos gostariam de ver e não viram porque não puderam, então eu me sinto muito bem em saber que aproveitei essa oportunidade. Aos que puderam e não tiveram olhos pra ver, só lamento. Suckers.

29 de abril de 2007

25 Chuck Norris Facts

Traduzi alguns pra diversão da macacada:

• O iPod de Chuck Norris veio com um carregador de verdade em vez de apenas um cabo USB.
• Se você tem 5 dólares e Chuck Norris tem 5 dólares, Chuck Norris tem mais dinheiro do que você.
• A Grande Muralha da China foi originalmente construída para manter Chuck Norris afastado. Falhou miseravelmente.
• O maior produto de exportação de Chuck Norris é a dor.
• As lágrimas de Chuck Norris curam câncer. Pena que ele jamais chorou.
• Chuck Norris já esteve em Marte. É por isso que não há sinais de vida lá.
• Chuck Norris não sai para caçar, porque a palavra "caça" traz implícita a possibilidade de fracasso. Chuck Norris sai para MATAR.
• Chuck Norris vendeu sua alma ao diabo em troca de sua aparência impecável e incomparáves habilidades em artes marciais. Logo após o pacto estar selado, Chuck deu uma de suas famosas voadoras na cara do diabo, e pegou sua alma de volta. O diabo, apreciador de uma ironia, não conseguiu ficar puto e admitiu que deveria ter antecipado o golte. Agora, eles jogam pôquer toda segunda quarta-feira do mês.
Chuck Norris construiu uma máquina do tempo para voltar ao passado e impedir o assassinato
de John Kennedy. Assim que Lee Oswald disparou, Chuck Norris desviou as balas com sua barba, impedindo os disparos de acertarem o presidente. A cabeça de JFK explodiu de puro espanto.
• Certa vez, fabricaram um "Papel Higiênico do Chuck Norris" mas não funcionou, porque ele não aturava merda de ninguém.
• Não há um queixo por trás da barba de Chuck Norris. Há apenas um outro punho.
• Chuck Norris certa vez disse: "Existem poucos problemas nesse mundo que não podem ser resolvidos com uma voadora rápida na cara. Para falar a verdade, não há nenhum."
• Os quatro cavaleiros do apocalipse deixam seus cavalos guardados no estábulo do rancho de Chuck Norris.
• Chuck Norris fez a Ellen de Generes virar heterossexual novamente.
• Chuck Norris chutou Neo para fora de Zion. Agora Neo é conhecido como "O Segundo".
• Chuck Norris sabe onde está Carmen Sandiego.
• A China fazia fronteira com os Estados Unidos até Chuck Norris se aborrecer e dar uma voadora que a fez ir para o outro lado do planeta.
• Chuck Norris certa vez mandou um cartão de aniversário a Jesus no dia 25 de dezembro. Jesus achou por bem não corrigi-lo, e desde então o seu nascimento é comemorado em 25 de dezembro mesmo.
• Quando Chuck Norris se atrasa, o tempo desacelera para esperar por ele.
• Chuck Norris dorme com uma luz noturna acesa no quarto. Não é porque Chuck Norris tem medo do escuro, mas porque o escuro tem medo de Chuck Norris.
• Chuck Norris certa vez pediu um Big Mac no Burger King. E foi atendido.
• Chuck Norris sempre transa no primeiro encontro. Sempre.
• Apesar de não ser do conhecimento geral, A Força tem três, e não dois lados: o lado negro, o lado da luz, e Chuck Norris.
• Chuck Norris é o verdadeiro pai de Luke Skywalker.
• Existem Alienígenas. Eles estão apenas esperando que Chuck Norris morra para poderem começar a invasão da Terra.

27 de abril de 2007

O mundo lá fora anda muito feio - Parte I....




É sempre estranho voltar a postar depois de um período mais longo. Dá uma sensação de ter de pedir desculpa, uma coisa de ficar sem-graça de estar voltando depois de muito tempo fora, mas quando esse momento chega, e é agora, pra esse vira-lata que vos fala, eu apenas digo: dane-se.

Voltei mesmo. Como posso me dar ao luxo de não ter lá muitos leitores (se tiver mais um ou dois além de mim já é muito), não tenho que fazer sala pra ninguém. É isso aí... O velho VL voltou e está mordido. Passei um tempo no mundo cão, procurando sarna pra me coçar... e encontrei. De fato, encontrei mais que isso. Encontrei sarna, pulga, piolho, carrapato, e uma maluca que quis arrumar uns filhotes comigo à força.

Eu poderia dizer que corri disso, que comigo isso não acontece, que eu sou foda, mas vou dizer uma coisa... Nada é mais decepcionante que ser posto na berlinda, correndo atrás do próprio rabo, pra no fim das contas, descobrir que a cachorra é louca. Louca, não... Já tive cachorras loucas na minha vida, mas sempre foram do tipo que sabiam que eram loucas. Chegava a ser divertido ver as criaturas uivando pra lua em dia de sol, porque eu sabia que a cachorra louca que sabe que é louca, quase se desculpa pela sua loucura. Traz em si até um certo ingrediente de uma triste doçura. Sejamos justos, ela não consegue começar uma matilha, isso é fato. Mas pelo menos tem a consciência do seu estado e se dispõe a ser levada pela sociedade protetora dos animais de quando em vez.

Agora, a louca de verdade... ah, companheiros... essas são as perigosas de verdade. Debaixo daquele olhar de Lassie, por trás daquela pelagem cheirosa, se esconde a verdadeira ruína. Ela se empenha em parecer a escolha certa da Pet Shop... Se esforça ao máximo para demonstrar toda uma destreza em todas as funções, não dá um escorregão. Adestramento nota dez.

Mas chega o dia em que ela começa a pressionar de um lado... Outro dia você pega um olhar meio estranho que escapa aqui ou uma opinião meio discrepante ali... Um comentário bastante velado de um ou outro amigo mais próximo... Uma reação mais desmedida... E aquele velho arrepio nos pêlos do pescoço aparece. Aquela inquietação, a gente abaixa a cabeça e começa a farejar uma saída. É indiscutível... Dispara o alarme da autopreservação. É hora de dar nas patas.

Mas é aí que começa realmente o problema... Vai tentar privar a Crazy Bitch da sua "nova razão de viver"... Choro, ranger de dentes, mentiras, o anúncio de uma ninhada falsa...

Bem, nada mais posso dizer que sempre vi isso acontecer por aí afora, mas achei que estivesse meio fora de moda, que já não fizessem tanto isso. Aí vai e acontece comigo. Bem, nem sei como eu escapei... se eu não fosse um sobrevivente casca grossa de marca maior, podia estar numa pior hoje.

Mas deixa eu quieto aqui no meu canto. O susto foi grande, mas o mundo gira (e a Lusitana roda). Vou ser mais visto por aqui de agora em diante...