
É nesse tipo de bar que se exercita um certo jeito espontâneo, uma certa falta de cerimônia, uma desatenção aos detalhes, algo contra o qual só os muito frescos se rebelam e deixam de cultivar. Chega a ser patente, que não se trata de sujeira, nem de falta de higiene, mas de um total deapoego a qualquer tipo de salamaleques. Frescura ou preciosismo ali é proibido. Tudo é feito com um sentido de arte quase perdida. Você senta naquele banquinho redondo, de madeira polida, (na verdade gasta mesmo) e pede um pingado e um pão na chapa. Sete palavras. Sete palavras e você tem um café da manhã. O atendente grita o pedido pro cara da chapa. Esse, em questão de segundos aplica manteiga nos dois lados de um pão francês honesto e inocente, e despacha o pão sem a menor cerimônia pra chapa quente... Enquanto isso, o pingado chega, com aquela cor precisa, o copinho americano que tem a mesma cara desde sempre em cima de um pires de alumínio que não tem nada a ver com ele, e ao mesmo tempo, tudo a ver com ele. Você alcança o indefectível açucareiro de alumínio que está ao lado, adoça a gosto enquanto o pão chega. Aquele inocente pãozinho de há pouco chega tostadinho, cheirando bem e imbuído da boa intenção de te preparar espiritualmente pra encarar mais um dia de luta. E a não ser que o teu time tenha perdido um campeonato na noite anterior, o pão sempre vence. Barriga quente, vamos trabalhar.
Um comentário:
Ei, tenho uma música sobre pão na chapa, olha lá: www.sambapunk.com
Abraço!
Quincas Moreira
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