6 de janeiro de 2008

Atitude de Cu é Rola


Um dia, estava eu andando pelas ruas de Copacabana. Olhando as lojas, desviando de camelôs e de meninos de rua, e pensando em parar em algum lugar pra lanchar. Tentei me desconcentrar da fauna do que se pode chamar de "maior zoológico humano a céu aberto em forma de bairro" da américa latina, dando uma olhada nas vitrines das lojas. Só que como é meio característico meu, acabei olhando mais as peças gráficas, e captando informações visuais do que propriamente vendo o que tinha pra vender nas lojas.

Por bem ou por mal, graças à repercussão internacional que o Brasil tem conseguido via Gisele Bündchen, sandálias Havaianas, moda, futebol e prostituição, (tudo isso misturado, não necessariamente nessa ordem) estamos recebendo de volta toda uma espécie de cultura visual do fashion. Acabei vendo toda uma tendência a integrar o que é fashion na vida cotidiana. De comida a celulares. Tudo tem que ter um certo "ar fashion".

Isso me faz lembrar de um conceito que sempre tentaram empurrar pra nossa sociedade, que eles tentam fazer ser tão consumista quanto a americana (e estão conseguindo, a pesar de ainda não termos chegado lá): o conceito de TER ATITUDE.

Cara, como eu odeio esse conceito. Não sei dizer, é uma coisa patológica. Me sugere ser vazio, mas parecer cheio, me sugere que é mais importante parecer que ser. Me sugere um monte de coisas, todas elas ruins. Lembro que uma vez, em uma revista aquela tal de Paris Hilton disse que não tem nada que cause mais interesse em uma pessoa do que aparecer em algum lugar com um riso misterioso do tipo "eu sei e vocês não sabem". Que todo seu sucesso está focado nesse macete. Cara, onde nós estamos? O que eu tenho a aprender com uma loira esquelética, milionária e dondoca, que fala uma coisa dessas como se isso fosse uma revelação de profeta?

Nunca fui de seguir modinha, isso nunca escondi de ninguém. Sempre fiz as coisas que eu gostava. Porque eu gostava. Sempre ouvi as músicas que eu cavava, sempre li o que eu descobria. Até hoje detesto ler livros hypeados. Aliás, detesto muita coisa que é hypeada.

Uma vez eu vi na TV uma reportagem sobre tatuagem, piercing, etc. Aí, me aparece uma garota dizendo que "tipo assim, cara... tatuagem e piercing é uma expressão da minha individualidade, sacou? Tipo, não quero ser igual a ninguém, quero ser eu mesma, então eu decoro meu corpo de acordo com o meu eu, e tal..." Beleza, pensei eu... Vai fundo. Só que abre a câmera, dá uma geral no visual da "mulé"... Depois uma cena dela encontrando com os amigos. Todos com os mesmos tipos de tatuagem, os mesmos tipos de roupa, e até os piercings nos mesmos lugares. Sinceramente, me deu vontade de empurrar a imbecil pra baixo de um ônibus.

Aquele bando de adolescentes de all-star de cano alto, saia preta, cabelo pintado de vermelo, roxo ou verde... Piercing na língua-supercílio-etc.... camisa de banda ou comprada numa feira alternativa... Porra, depois vem falar que têm atitude? Atitude é o meu Caralho! Era só perguntar pra turminha quem gosta de los hermanos, ou de alguma banda onde os carinhas fiquem emulando alguma coisa da cena indie ou emo ou metal melódico lá de fora, ou quem assistiu "brilho eterno de uma mente sem lembranças" e diz que é o cult movie de sua vida. Se der a maioria, me digam...

Aí eu lembro de um trecho de uma música dos Engenheiros que eu ouvia lá pros finais dos anos 80, mas que cabe direitinho até hoje:

"todos iguais, todos iguais... Mas uns mais iguais que os outros... Todos iguais, todos iguais..."
Por essas e outras que eu falo... Esse papinho de atitude não me pega não. Nunca gostei muito de gente que levanta o nariz por pouca merda mesmo... E tenho dito. Au!

2 comentários:

Andrea disse...

Um post cheio de atitude!

Príapo disse...

Batalha: economizando meu tempo, considere como resposta a esse comentário seu o próprio título do post.

:-P