4 de janeiro de 2008

Elas olham nossos paus...



Uma das coisas boas de se ter uma amiga inteligente (coisa que hoje em dia não é tão comum quanto pensam as leitoras da Marie Claire) e cuca-fresca, e essa amiga ser alguém com quem temos liberdade de falar qualquer sacanagem, putaria, (ou outros sinônimos sexualmente válidos) é o fato de se ter uma boa opinião lá do outro lado, e pra quem as pessoas parecem nunca querer dar uma opinião que nem eu, isso é uma bênção. Um dia desses conversando com essa amiga, inadvertidamente o papo escorregou pra assuntos de sacanagem, como em muitas conversas nossas. Acabamos falando de como olhamos ou deixamos de olhar as pessoas que nos interessam no sexo oposto na rua, e eu acabei me dando conta que as mulheres olham pro nosso pau mesmo, embora a maioria de nós nem se dê muito conta disso.

A explicação que eu dei pra ela foi que nem sempre a gente repara, porque elas em primeiro lugar, sabem olhar de um jeito muito mais discreto que nós, e segundo porque a gente fica tão concentrado no movimento de olhar peito-perna-rosto-geral, que não percebe a sutileza do olhar delas. Vejam bem, mulher e homem têm os olhares muito diferenciados. Uma mulher pode esquadrinhar e detectar um cabelo loiro (inclusive detectando a cor da tintura) no seu casaco, mesmo que ela esteja a uns três metros de distância. Isso com a rapidez e precisão de um radar da marinha americana. Ainda assim, dadas as particularidades das diferenças entre os olhares, muitas vezes não conseguem colocar um carro de 3 metros de comprimento em uma vaga com quatro metros, mas se eu me estender no assunto vão dizer que eu sou machista... Deixa pra lá. Voltemos às revelações manja-rolísticas da minha amiga.

Não é que nós homens sejamos um bando de pobres inocentes, e que nunca tenha passado pela nossa cabeça (as duas, aliás) a idéia de que elas oham mesmo. Mas pra gente é uma coisa que não parece ser tão explícita, tão na cara, tão descarada quanto aquela cara que a gente faz quando passa um bonito par de pernas, ou seios de belo desenho, ou uma bunda redondinha... Dificilmente vemos uma mulher olhando um homem com aquela cara de peixe morto que é meio que nossa marca registrada. Confesso que não sou lá um cara de pau de marca maior, que goste de evidenciar que estou olhando, mas tratei sempre de treinar meu olhar, de comunicar à dona dos atributos que “estou olhando mesmo e daí?”

Agora, quando minha amiga veio e falou que manjava mesmo, eu fiquei meio surpreso. Não dá pra evitar. Lembram daquele filme com o Mel Gibson no qual ele consegue ouvir o que as mulheres pensam? Ele também ficou surpreso quando flagrou a Helen Hunt se censurando por olhar pro negócio dele. Acho que no fundo, independente do que as pós-feministas sem noção digam, nós temos de um modo geral menos maldade que elas. Tá bom, temos lá a nossa também, não somos santos. Só que o diabo mora nos detalhes. Maldade masculina é mais óbvia. A nossa mata pelo impacto. A delas, por envenenamento. E o veneno costuma ser tão forte que volta e meia morre uma, após morder a própria língua.

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