8 de agosto de 2008

O gatilho mais rápido do oeste não tem paz


Eu não posso beber meu whisky em paz no bar do Irish Willie, já não posso jogar poker com o Dakota Bill e os rapazes, não posso mais acampar em Fall River. Eu não posso ir até a casa de banhos do Mr. Cheng, não posso ir até o saloon da Ellie Mae. Nem mesmo ir visitar o rancho do velho Morgan ou aparecer na tribo do meu velho amigo Twenty Crows, aquele índio safado. Eu não posso mais nem mesmo aparecer na casa de tolerância da Srta. DuBois. Sempre tem algum bastardo querendo me desafiar para um duelo. Quase todos os dias eu tenho que derrubar mais um. O problema é que o tempo passa, e eu estou não estou ficando nem menos velho, nem menos lento. Um dia desses, um desses malditos garotos perseguindo a fama vai conseguir me pôr uma bala no estômago, e aí o que vai me restar? Uma cova? Um enterro decente? Vou dizer-lhes uma coisa. Ser o melhor às vezes pode ser uma merda. Um balde cheio de merda.

Ele cospe no chão, bem na bota do repórter, que olha desanimado ao mesmo tempo que esfrega a bota no chão de terra. Um texano grande e mal-encarado para na frente dos dois e olha com cara de desafio:
-Ao pôr do sol, McAllister... eu e você, em frente ao saloon.
Um grunhido como resposta. O texano volta pra perto dos seus capangas que riem. McAllister e o repórter continuam andando, o primeiro murmura com profundo desânimo:
-Pode ser hoje, rapaz. E pode não ser hoje. Mas é como eu lhe dizia, um balde cheio de merda.

Nenhum comentário: