26 de maio de 2007

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo II

Publicado Originalmente em: 10/06/06

Eu comecei falando sobre a rejeição, mas não um tipo de rejeição comum. a rejeição a que me refiro é uma que tem um poder muito maior de machucar o nosso ego... a rejeição auto-imposta, ou ainda, baseada em uma ilusão criada por nós mesmos.

Na história que contei da época da escola, não sei se ficou claro o fato que em momento algum, a garota correspondeu ao sentimento que direcionei a ela. Em momento algum, ela tomou qualquer atitude que justificasse minha paixão, que desse a entender uma reciprocidade ao meu sentimento. Daí, eu pergunto... que "amor" é esse que se apóia em tanta unilateralidade? Que sentimento é esse que ditatorialmente, sem perguntar nem querer saber de mais nada, decide que devemos viver em função de pensar e querer e desejar estar com alguém?

Quando eu percebi, naquele baile de formatura, que foi a simples educação que a fez me acompanhar até ali, que o simples fato de que ela não sentia nada por mim que a fez desobrigar-se de ficar ao meu lado no salão, exceto durante os 15 primeiros minutos, foi o momento em que algo mudou. O momento em que alcancei um entendimento interior, algo como envelhecer alguns anos em alguns minutos. Lógico que me senti mal. Lógico que tive uma certa raiva de ver que o motivo da saída dela do meu lado foi a atenção que ela dispensou ao "capitão do time de futebol". E ali, ficou claro a escolha que eu teria que fazer. Ou viver caindo de paixões por qualquer coisa que fizesse com que eu me sentisse mais vivo, ou aprender a gostar de viver comigo mesmo, sem depender definitivamente de fatores sentimentais, ou ainda da aprovação ou do sentimento de uma outra pessoa para isso.

O baile passou. Aprendi a sair à noite. Aprendi a beber cerveja. Aprendi todo esse currículo da solteirice, da juventude. Aprendi até a paquerar. Ok, admito, a paquerar aprendi bem devagar, fui péssimo aluno, mas aprendi.

Fui vendo que meu coração tinha uma casca. Não uma parede intransponível, não uma prisão. Uma casca boa, um invólucro que protege e deixa entrar apenas o que é de direito. Aprendi que não precisaria me fechar. Aprendi que podia colocar pra fora desse coração tudo que fosse necessário. A casca deixava passar. Ela só amortecia as pancadas que chegavam, e o que era melhor... Tudo que chegava com suavidade, com delicadeza, e com carinho... a casca deixava passar.

Não tenho a petulância dizer que é fácil, que cada um consegue. Eu mesmo não saberia dizer como consegui. Só sei que não tem uma única vez em que eu não pense nisso e não agradeça por ter conquistado esse entendimento.

2 comentários:

Andrea disse...

VL, isso que vc tá falando é tão grande. E tem a ver com muito mais aspectos da nossa vida do que só o romance.

Pais que superprotegem seus filhos da rejeição não sabem o mal que estão fazendo..estão criando um aleijado social que nunca vai se fortalecer a partir de um bom e redondo NÃO.

Príapo disse...

É, battle.

A coisa é realmente grande.
Só gosto sempre de lembrar que tem como. Ninguém nunca disse que é fácil. Mas que tem como, isso tem.