26 de maio de 2007

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo I

Postado originalmente em: 30/05/2006

O que é preciso para se desenvolver uma blindagem emocional que nos deixe resistentes para assimilar os golpes, mas que ao mesmo tempo não nos impeça de expressar livremente nossos sentimentos? O que pode fazer um equilíbrio entre o quebrar constante e resignado da cara contra o muro e o total amortecimento dos sentimentos?

Acho que quando tinha 14 anos, vivi uma história típica de filmes de High School americanos... O "cara invisível" que se apaixona pela lindona da classe. Paixão daquelas desembestadas, de ver alguém parecido com ela na rua e perder a respiração. De sonhar com ela, seja dormindo ou acordado. De perder aulas inteiras decorando cada detalhe que a compunha. Tá, bom... já deu pra sacar, né? Pois é. Aí veio formatura, aquela coisa toda. No dia da cerimônia, tomei a decisão mais ridiculamente corajosa que podia ter tomado... Chamei-a pra ir comigo ao balie. Me apeguei em coisas tais como o fato da mãe dela ter achado "lindo" eu ter tido a atitude de chamá-la. Brincadeira, não? Sei que hoje em dia, numa época em que crianças de 12 anos já fazem sexo normalmente(?), isso parece meio ridículo, mas naquela época era meio assim.

Chegou o dia do baile, arrumação, roupa social, tudo em cima, nos conformes... Encontrar, carona, baile. Ela estava linda. Não. Deslumbrante. Claro... o olhar de quem está apaixonado. Baile, dança, e ali eu senti o futuro. Vislumbrei a vida como seria. No momento em que senti que ela não me dava atenção alguma, que o olhar se dirigia para outro lado. Descobri que havia em algum lugar naquele baile uma espécie de "capitão do time de futebol americano" sobre quem o olhar dela iria pousar. Típico. Ali nasceu um coração diferente. Ali, no destroçar de uma paixão adolescente, no momento da morte de toda uma mitologia de fantasias, eu aprendi mais do que poderia ter aprendido em anos. Quantas vezes no futuro eu agradeci por ter os olhos para ver, por ter conquistado essa visão naquele momento.

Claro que dói. Claro que envergonha. Mas lidar com esse tipo de perda, aprender a rechaçar a rejeição, foi fundamental para momentos chave pelos quais passei no futuro. Aprendi a ter cautela. Aprendi que amar pode ser como fazer uma expedição em um terreno selvagem e pantanoso... é gratificante, mas cheio de perigos. Você dá um passo, mas sem tirar o pé do passo anterior. Você não mergulha num lago, sem antes testar a água. Você não come um peixe, sem antes saber se ele é bom de comer ou se é venenoso. É difícil, às vezes se demora uma vida pra aprender, mas às vezes basta um sonho quebrar.

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