30 de maio de 2007

Vida, Gente, e uma coisa desconhecida chamada amanhã.



Um dia desses eu me peguei pensando se vai dar tempo de casar (de novo), ter filho, família, essas coisas todas. Fiquei meio puto com esse assunto. Cara, hoje eu não consigo mais pensar nisso. Não por não querer, ou por querer algo impossível ou muito difícil de realizar, mas por achar que é muita coisa. Ter controle dos eventos que cercam a nossa própria vida já é difícil, imagino fazer a coisa funcionar com tantos fatores externos atrelados. Sei que qualquer mané consegue casar, ter filho e fazer família, mas até aí eu não quero SER mané, nem ter filhos manés nem uma família mané.

Algumas vezes, as coisas ruins que acontecem na vida da gente ensinam a gente a correr mais, só que outras vezes, ensinam a gente a ter precaução também. Quando eu olho pras pessoas na rua hoje, eu já não vejo tantas possibilidades quanto eu via há um tempo atrás... Hoje eu vejo as pessoas, e só consigo enxergar gente que tem problemas... Uns com mais, outros com menos, uns com problemas que só afetam a eles mesmos, já outros com problemas que afetam a todo mundo à volta deles. Acabo viajando e deixando de pensar nisso pra não ficar mais chateado do que já ando normalmente.

Não digo que a dor da perda me assalte, porque pra mim, me livrar de algo ruim não é perda. Graças a Deus minha cidadania Geminiana me garante o salvo-conduto pra fora de uma relação podre com o mínimo possível de seqüelas. E antes que alguém diga que eu tenho sorte, deixo claro aqui que não tem um dia em que eu não dê graças ao Grande Parceiro lá em cima por ter me me mandado pro planeta já com esse software instalado. Agora, que mesmo não sofrendo, a sensação que dá é um certo "e aí?", bom, isso é.

Gente do meu signo tem fama de não-sentimental, mas isso é uma mentira da porra. Sentimentos há. Honestos pra caramba. Do tipo que quando você tem, que quando vc tá com a mulher e ela te faz sentir bem, e os dois tão bem, e tudo tá bem, FICA bem mesmo. Só que em volta de tudo, existe gente... E gente é o que complica a porra toda.

Cara, hoje eu nem sei o porquê do porquê da coisa. Não sei nem o fim do que vou escrever, nem sei o fim da história que eu estou escrevendo pra mim. Deve ser o disco do Gilberto Gil que eu tava ouvindo ainda há pouco. O pior é que eu começo a sentir aquela vontade de acabar logo esse capítulo pra ver se o próximo vem um pouco melhor.

Espero.

27 de maio de 2007

2.0: Da série "Cenas que Gostaríamos de Ver"

Publicado originalmente em: 27/04/2006

Eu sempre quis viver para ver o dia em que seria descoberto e publicamente exposto o criador de um desses famosos hoaxes. Não me surpreenderia se descobríssemos que a criatura (seria homem ou mulher?) fosse responsável pela criação não de um apenas, mas de vários desses famosos boatos que circularam nos últimos anos. Que catarse mundial seria saber que a caixa de mensagens do indivíduo iria ser invadida por milhões de emails, com uma diferença das farsas movidas a ctrl+c/ctrl+v criadas por essa pessoa: seriam todos autênticos, escritos linha por linha, na hora, inspirados pela vingança e pela sensação de "justiça sendo feita" de milhares de internautas do mundo todo.

Criariam-se sites e comunidades do tipo: "fulana, vc não tem coisa melhor pra fazer?", "eu odeio o fulano", "fulano, devolva meu tempo perdido". Circulariam imagens do cara (ou da mulher) travestido(a) via photoshop de todas as formas possíveis e imagináveis de sacanagem humilhativa. Em vez de 15 minutos de fama, o "hoaxer supremo" seria alvo de sacanagens para o resto de sua vida, virtual.

E por um breve período, saberiamos como é um mundo virtual sem tantas mensagens de "pessoas que já morreram", "ovos de barata na lingua de alguém", "serviços gratuitos que passarão a ser pagos", "A Ericsson e a Nokia estão distribuindo celulares grátis","A Nestlé enviará um cesta com produtos se você reenviar o e-mail para 15 pessoas" e coisas do tipo...

Sonhar não custa nada.

26 de maio de 2007

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo II

Publicado Originalmente em: 10/06/06

Eu comecei falando sobre a rejeição, mas não um tipo de rejeição comum. a rejeição a que me refiro é uma que tem um poder muito maior de machucar o nosso ego... a rejeição auto-imposta, ou ainda, baseada em uma ilusão criada por nós mesmos.

Na história que contei da época da escola, não sei se ficou claro o fato que em momento algum, a garota correspondeu ao sentimento que direcionei a ela. Em momento algum, ela tomou qualquer atitude que justificasse minha paixão, que desse a entender uma reciprocidade ao meu sentimento. Daí, eu pergunto... que "amor" é esse que se apóia em tanta unilateralidade? Que sentimento é esse que ditatorialmente, sem perguntar nem querer saber de mais nada, decide que devemos viver em função de pensar e querer e desejar estar com alguém?

Quando eu percebi, naquele baile de formatura, que foi a simples educação que a fez me acompanhar até ali, que o simples fato de que ela não sentia nada por mim que a fez desobrigar-se de ficar ao meu lado no salão, exceto durante os 15 primeiros minutos, foi o momento em que algo mudou. O momento em que alcancei um entendimento interior, algo como envelhecer alguns anos em alguns minutos. Lógico que me senti mal. Lógico que tive uma certa raiva de ver que o motivo da saída dela do meu lado foi a atenção que ela dispensou ao "capitão do time de futebol". E ali, ficou claro a escolha que eu teria que fazer. Ou viver caindo de paixões por qualquer coisa que fizesse com que eu me sentisse mais vivo, ou aprender a gostar de viver comigo mesmo, sem depender definitivamente de fatores sentimentais, ou ainda da aprovação ou do sentimento de uma outra pessoa para isso.

O baile passou. Aprendi a sair à noite. Aprendi a beber cerveja. Aprendi todo esse currículo da solteirice, da juventude. Aprendi até a paquerar. Ok, admito, a paquerar aprendi bem devagar, fui péssimo aluno, mas aprendi.

Fui vendo que meu coração tinha uma casca. Não uma parede intransponível, não uma prisão. Uma casca boa, um invólucro que protege e deixa entrar apenas o que é de direito. Aprendi que não precisaria me fechar. Aprendi que podia colocar pra fora desse coração tudo que fosse necessário. A casca deixava passar. Ela só amortecia as pancadas que chegavam, e o que era melhor... Tudo que chegava com suavidade, com delicadeza, e com carinho... a casca deixava passar.

Não tenho a petulância dizer que é fácil, que cada um consegue. Eu mesmo não saberia dizer como consegui. Só sei que não tem uma única vez em que eu não pense nisso e não agradeça por ter conquistado esse entendimento.

2.0: Curso Prático de Blindagem Emocional Unilateral - Módulo I

Postado originalmente em: 30/05/2006

O que é preciso para se desenvolver uma blindagem emocional que nos deixe resistentes para assimilar os golpes, mas que ao mesmo tempo não nos impeça de expressar livremente nossos sentimentos? O que pode fazer um equilíbrio entre o quebrar constante e resignado da cara contra o muro e o total amortecimento dos sentimentos?

Acho que quando tinha 14 anos, vivi uma história típica de filmes de High School americanos... O "cara invisível" que se apaixona pela lindona da classe. Paixão daquelas desembestadas, de ver alguém parecido com ela na rua e perder a respiração. De sonhar com ela, seja dormindo ou acordado. De perder aulas inteiras decorando cada detalhe que a compunha. Tá, bom... já deu pra sacar, né? Pois é. Aí veio formatura, aquela coisa toda. No dia da cerimônia, tomei a decisão mais ridiculamente corajosa que podia ter tomado... Chamei-a pra ir comigo ao balie. Me apeguei em coisas tais como o fato da mãe dela ter achado "lindo" eu ter tido a atitude de chamá-la. Brincadeira, não? Sei que hoje em dia, numa época em que crianças de 12 anos já fazem sexo normalmente(?), isso parece meio ridículo, mas naquela época era meio assim.

Chegou o dia do baile, arrumação, roupa social, tudo em cima, nos conformes... Encontrar, carona, baile. Ela estava linda. Não. Deslumbrante. Claro... o olhar de quem está apaixonado. Baile, dança, e ali eu senti o futuro. Vislumbrei a vida como seria. No momento em que senti que ela não me dava atenção alguma, que o olhar se dirigia para outro lado. Descobri que havia em algum lugar naquele baile uma espécie de "capitão do time de futebol americano" sobre quem o olhar dela iria pousar. Típico. Ali nasceu um coração diferente. Ali, no destroçar de uma paixão adolescente, no momento da morte de toda uma mitologia de fantasias, eu aprendi mais do que poderia ter aprendido em anos. Quantas vezes no futuro eu agradeci por ter os olhos para ver, por ter conquistado essa visão naquele momento.

Claro que dói. Claro que envergonha. Mas lidar com esse tipo de perda, aprender a rechaçar a rejeição, foi fundamental para momentos chave pelos quais passei no futuro. Aprendi a ter cautela. Aprendi que amar pode ser como fazer uma expedição em um terreno selvagem e pantanoso... é gratificante, mas cheio de perigos. Você dá um passo, mas sem tirar o pé do passo anterior. Você não mergulha num lago, sem antes testar a água. Você não come um peixe, sem antes saber se ele é bom de comer ou se é venenoso. É difícil, às vezes se demora uma vida pra aprender, mas às vezes basta um sonho quebrar.

25 de maio de 2007

2.0: A Nova Onda

Esses dias, em uma das comunidades que participo no porkut, apareceu uma moça postando um textículo pretensamente engraçado, desses que se espalham por email nessa new wave sexista que tem por aí. O treco dizia que toda mulher tem que ter 2 homens, o marido e o amante, etc. etc. etc. Descrevia as qualidades de um e de outro, o que um tem e o outro não, tal e coisa. Até aí, normal. Nem achei nada demais... parecia que foi um homem que escreveu aquilo.

Mas alguns posts abaixo, depois de algumas manifestações de apoio feminino a algo tão nonsense, eu resolvi colocar meu parecer. Não é que logo veio uma dona querer dar uma de atingida com meu comentário? A mulher vem e diz:

Caracas... por que toda manifestação de liberdade da mulher é chamada logo de putaria!?? Tá...É prá reprimir e assustar as mulheres: tipo... não façam isso... só os homens podem! Afff!!!

Como todos sabem que cutucar cachorro na hora que ele tá comendo é perigoso, mas ao que parece, essa criatura aí não sabia, eu rosnei pra ela:
Não confundir manifestação de liberdade com "vou fazer com eles as mesmas coisas erradas que eles sempre fizeram com a gente". Isso tem um nome, se chama revanchismo e não ajuda em nada... É uma simplificação esdrúxula de uma realidade ruim, transformando mulheres que antes não faziam nada de errado a terceiros em verdadeiros "cafajestes de saia" que nada acrescentam à humanidade. Um erro não justifica outro. Na verdade essa "nova atitude" feminina (que convenhamos, é um belo de um faniquito que de novo não tem nada) só contribui pra aumentar esta zona que aí está. E no final nem homens nem mulheres ganham, fica aquele vazio, porque a vida do "canalha"(seja homem ou mulher) é tremendamente vazia. Aí, no final, afogam-se todos em um mar de cinismo, onde ninguém mais se entende. Como eu já disse antes, parafraseando um cara do rádio, "É o apocalipse"!

Eu falei pra vocês que eu ando rabugento...

2.0: O Sistema Auto-Perdoante Feminino (Rev 1.4)


Publicado originalmente em: 25 de abril de 2006

Sabe uma coisa que eu nunca entendi nas mulheres? Essa capacidade que elas têm de se autodesculparem... Uma coisa do tipo "é, eu misturei as coisas, mas foi assim mesmo"... como se o "ser assim mesmo" fosse desculpa pra toda e qualquer coisa...
(Observem que isso é uma generalização proposital, para efeito de análise.) Desculpem a interrupção... é que de vez em quando eu tenho que dar essa explicação porque tem mulher que já passou dos 40, já fez 2 ou 3 faculdades mas não consegue entender isso.
Tudo que refere a sentimento pra vocês é automaticamente autoperdoado, sabe, é como dirigir um carro onde o volante não funciona... E isso sempre me intrigou profundamente.
Os homens têm sentimentos, assim como vocês, mas a gente assume com muito mais frequência o fato e as consequências das coisas que fazemos movidos por esses sentimentos. Você normalmente não vê um homem dizendo, "ah, fiz merda, mas deixa pra lá" pra essas coisas... A gente até faz, mas se sente culpado, se sente na necessidade de fazer algo pra remediar... ou tendo a responsabilidade de fazer algo pra reparar a merda feita, etc.

Por isso que na maioria das vezes em que os homens traem, as mulheres percebem mais do que eles percebem quando as mulheres traem. Quando o homem trai, a culpa faz ele ficar diferente... a mulher não tem a mesma culpa... Ela justifica tudo que ela faz por ela mesma... A mulher me parece, a grosso modo, potencialmente mais inescrupulosa sentimentalmente... Reparem bem pra vocês verem. É uma forma de não se martirizar por algo que já aconteceu, não tem mais jeito? Pode ser, talvez até.

Se um homem cai em erro, (e se normalmente ele não é disso, excluindo-se daí os canalhas patológicos) ele fica mal pelo que fez. Se é uma mulher, ela nem liga. Se auto-perdoa e vai em frente. Tanto que muitas vezes quando uma mulher comprometida chega ao ponto de trair, é pq a relação já está pra lá de Ulan-Bator... E estando pra lá de Ulan-Bator, a autoculpabilidade dela também vai estar por lá.

Mas vejam: afirmo que respeito as diferenças.. apenas me reservo o direito de me revoltar com algumas delas.

23 de maio de 2007

2.0: O Mini-Manifesto Vira-Latas

Eu escolho o vira-latas. Ele pode não ter a linda e brilhante aparência muscular de um aristocrata documentado, mas desafio qualquer uma a encontrar um aristocrata tão calmo e concentrado.

Ele não possui a graça e a vistosa aparência de um playboy red nose, mas por outro lado, não é geneticamente inclinado a ter doenças, epilepsias, depressões, desequilíbrios ou deficiências similares. Com cruzamentos não selecionados, chegou-se ao que melhor existe na espécie nos últimos 12.000 anos.

A resistência, aliada à flexibilidade. O companheirismo aliado ao instinto de liberdade. A sociabilidade aliada à lealdade. A inteligência aliada à praticidade. E a beleza improvável e totalmente fora dos padrões.

A beleza padronizada pode até mesmo ser importante, mas tão importante quanto a beleza é tudo aquilo que nos traz surpresas, admiração e nos encanta. O subjetivo, o subversivo, só que carinhosamente apresentado. Esse é o espirito do Homem Vira-Latas.

Dois ponto Zero

Vou reorganizar umas coisas por aqui. Como parte dessa reorganização, vou começar a usar os marcadores, e vou trazer uns posts antigos, do tempo em que eu tinha zero leitores (não que hoje eu tenha muito mais que isso) de volta do limbo, reformatados e com uma ou outra correção estética.

Pro caso de alguém ficar curioso, todo post que tiver sido "resgatado" lá do início, vai ser iniciado com "2.0" pra indicar e evitar espanto com algum anacronismo.

Também pode ser que eu troque o modelo do blog também. Esou meio de saco cheio com esse. Mas não é certo ainda.

Bom, é isso.

22 de maio de 2007

Love is a Junkyard Dog




Imagine que o amor e a paixão são cães. Imagine que são dois tipos bem diferentes de pulguentos, e partindo desse pressuposto você vai ter algo como o que eu descrevo a seguir.

A Paixão é aquela criatura que você vê um dia, passando em frente a uma pet shop, a te olhar com aqueles olhos brilhantes. Irresistíveis, simplesmente irresistíveis. Você entra hipnotizado na pet shop, disposto a pagar qualquer preço pra levar aquele bicho pra sua casa. Mesmo que o limite do seu cartão vá pra casa do cacete. Mesmo que você saiba que é uma compra impulsiva e que isso vá te gerar custos adicionais. Você compra. Compra com prazer. E vai pra casa, todo feliz, com a criaturinha no colo, a te lamber a cara. Só que você nem repara que junto com a criatura, vai um monte de bugigangas, remédios, coleiras anti-pulgas, vermífugos, ossos de borracha e afins. Afinal, a Paixão é de raça, tem pedigree e requer cuidados mais do que especiais.

Passa o tempo. Você olha pra Paixão e vê que ela não é mais aquela mesma criaturinha engraçadinha que você viu na vitrine da loja naquele dia. Você não admite de pronto, mas no fundo você sabe que a Paixão te dá mais trabalho do que você esperava. É muito banho, é muita tosa, é muito remedinho. Uma hora é uma doença estranha, outra hora a Paixão tá estressada. Você trata ela bem, como sempre, mas parece que quanto mais você trata bem, mais merdas a paixão faz na tua casa.

Um dia você chega e descobre que a Paixão destruiu todas as tuas almofadas. Mastigou metade dos teus CDs. Engoliu o pen drive onde estava aquele trabalho que você fez durante um mês, e que pr Obra de São Murphy, só tinha backup até semana passada. Você começa a ficar meio decepcionado com a Paixão. Você não entende como uma criatura que você trouxe da pet shop com tanto carinho, pra quem você deu do bom e do melhor, se comporta daquela forma. Você deu a ela toda a atenção que se poderia esperar, todos os acessórios necessários para o bem estar da Paixão estavam lá... Mesmo que isso significasse que você tinha que comer pão com salsicha o resto do mês. Mas nada disso a satisfazia. Até que um dia ela se irrita sabe-se lá com que, e te morde. É, isso mesmo. Te morde. Mete os dentes na tua carne, arranca um pouco de sangue. Você olha pra ela e não a reconhece mais. Aquela criatura com olhos brilhantes que você viu na pet shop no que parece ser um dia há muito, muito tempo atrás não faz mais parte do quadro que aparece na sua frente. Você vê apenas uma criatura estranha, com os dentes arreganhados, estranhamente hostil, rosnando baixinho pra você. Como se você fosse um inimigo. Nesse momento, você simplesmente pega o telefone e começa a tentar arrumar alguém que queira ficar com a Paixão, porque com você não dá mais. Você sabe que se fosse uma pessoa um pouco mais cruel, consideraria chumbinho, mas esse não é o caso. Você quer vida, e de violência, basta o sangue que está escorrendo da sua mão.


Já o Amor, bem... Esse é outro caso. Normalmente, muita gente confunde a Paixão com ele. Muita gente mesmo. Em grande parte, é por culpa desse confundir é que existe muita desilusão nesse mundo. Muita gente boa, famosa, rica, poderosa e importante confunde, não é privilégio dos pequenos, pobres e desconhecidos. Mas o Amor, o verdadeiro, é muito particular. Ele é um vira-latas... Daquele tipo mais sem-vergonha, que pode passar ao seu lado várias vezes num mesmo dia sem que você ao menos dê por ele. O Amor é silencioso também... ele vagueia pelas ruas da cidade, normalmente de cabecinha baixa, procurando uma lata de onde tirar algo que comer. Ultimamente, ele anda magro, porque tem sido muito pouco alimentado. Às vezes, o pelo está meio sujinho... Uma vez ou outra ele aparece ferido, a despeito dos vira-latas serem forjados nas ruas como os mais resistentes guerreiros, que já nascem lutando pela vida, que como eu tenho o costume de dizer, é "feia, dura, e muito boa de porrada".

Então você vai vivendo sua vida. Nem lembra que o amor existe. Um dia ele aparece na frente da porta da sua casa. Muitas vezes, você não vai levar fé que ele é quem você pensa que é. Aquela coisa, pêlo sujo, olhar sofrido, cara de quem já viu dias muito melhores. Mas no olhar dele, em vez do brilho da paixão, você percebe alguma coisa mais profunda. Não dá pra dizer imediatamente o que é, você só sabe que é algo familiar. Na dúvida você acolhe o Amor. Os dias vão passando, e você aproveita os produtos que sobraram do período em que a Paixão estava na sua casa, dá um belo banho nele. Dá uma ração legal pra ele, e assim, meio discretamente você percebe que o danado do vira-latas mudou. Nem parece aquela figurinha estranha que parou na sua porta. Parece que ele adivinha o que você quer, ou o que você pensa. Você sai pra trabalhar, quando volta, ele não aprontou bagunça na casa. Só pula no teu colo e faz uma festa danada. E você começa a se sentir bem quando chega em casa, mesmo que seu dia tenha sido uma merda, mesmo que aquele contrato não tenha sido fechado e que você tenha tido que aturar o mau humor do seu gerente o dia inteiro. Alguma coisa começa a mudar dentro de você quando você pensa no pulguento.

Cada vez que você chega em casa e ele vem te receber com alegria, cada vez que você está de saco cheio com a vida, e ele vem e fica do seu lado no sofá e só deita a cabeça no seu colo com aquele olhar de quem entende tudo, você começa a lembrar do dia que olhou dentro dos olhos do Amor pela primeira vez, e começa a tentar descobrir porque ele te pareceu tão familiar. Você olha pra ele, o pelo bonito, aquela língua pendurada que faz ele parecer estar rindo pra você, aquela coleira supercara que convenhamos, fica muito mais bonita nele do que ficava na Paixão... De repente você começa a lembrar. Um dia quando você era bem criança, você teve um outro desses. Era vira-latas também. Mas era a coisa mais importante da tua vida. Era um Amor também. E você vivia num mundo em que Amor era a única linguagem que você entendia. Por isso que mesmo depois de todas as porradas que a vida te deu (e ainda vai dar, pode ter certeza), mesmo você quase tendo esquecido dele, quando você olhou pros olhos dele lá na frente da tua porta, com o pelo sujo e aparência de quem já viu dias melhores, ainda assim você sabia que já tinha visto aquele olhar antes... Não era o brilho da paixão, que um dia se transformou (como está destinado a sempre se transformar) em um nada. Era o reconhecimento do Amor, aquele vira-lata que você conhece, que te acompanhou e ficava perto de você quando você ainda estava aprendendo a andar, só pro caso de você se desequilibrar ele não deixar você cair e se machucar. Aquele mesmo, que ficava tomando conta de você no quintal, o próprio, que enfrentou aquele rottweiler pra te proteger, ficou todo machucado mas botou a fera pra correr. E você, olha pro safado do seu lado no sofá, e entende porque ele está ali, o que trouxe ele até a sua porta. O nome dele é Amor, e o papel dele é estar perto de alguém que como você consiga passar pelas aparências e pet shops da vida, e aprenda a ter olhos para ver. É só o que é necessário, porque como eu disse antes, ele passa pela gente todos os dias pelas ruas afora, mas nem todo mundo o enxerga quando ele está ali na nossa porta. Olhos para ver.

20 de maio de 2007


Depois de uma semana de cão, o vira-latas que vos fala precisou tirar uns dias pra descansar.
Não só descansar, mas organizar a defesa. A Cadela Louca, Crazy Bitch pros íntimos, atacou novamente no FDS passado e concluiu a obra na segunda feira. Foi preciso todo um esforço no sentido de movimentar tropas, reforçar estratégias com aliados e buscar apoio até onde não havia esperanças.

Começou uma campanha difamatória via e-mail, movida pela nossa amiga Glenn Close, com direito a distorção de contextos, verdades reescritas sob ângulos opostos e mentiras deslavadas da pior espécie. Cheguei a fazer contato com pessoas da área jurídica, pra saber como correr atrás do pessoal da Sociedade Protetora dos Animais... É isso aí... Nesse caso, o animal sou eu mesmo.

Falando em proteção, nesse retiro que fiz por um bom par de dias, pude retomar um contato com uma certa espiritualidade que vinha perdida desde os tempos de cãozinho nas montanhas. Com direito a reza pra espantar maus espíritos, benção de padre e conversa com rezadeira das boas. Boas notícias, então...

Como sempre, estar na terra natal acaba sempre dando alguma historinha pra contar, e dessa vez não foi diferente. No meio de toda essa busca espiritual, aprendi a beber um negócio que espanta qualquer coisa ruim da gente, e não é nem nada místico não... É algo que custa baratinho e tem no Bar do Everaldo. Basta chegar lá e pedir uma dose de Cachaça mineira com PARATUDO. É isso aí. PARATUDO. O negócio é tão brabo, mas tão brabo, que o espírito ruim, encosto, ebó, o que quer que seja, vai embora da gente de raiva mesmo.

Vira-se o copo, (sem pensar, porque se o treco parar no meio do caminho, é caso de internação) , o negócio desce que desce, depois é só rebater com uma cerveja bem gelada. Garantido contra qualquer coisa ruim que tiver passando pela cabeça da gente. E pra deixar tudo um pouco mais politicamente correto (se é que isso é possível), ainda fiquei sabendo que o treco é feito de um composto de ervas indígenas.

Bom, cá estou, pronto pra mais um round, cheio de cartas na manga, e com um monte de Paratudo nas idéias. Venha quente que eu estou fervendo.

8 de maio de 2007

Freak ou não Freak, eis a questão.

Dia desses eu me peguei pensando na importância da vida sexual na vida de um casal moderno. Bom, na verdade, eu tava pensando em sacanagem mesmo, mas quis começar de um jeito mais palatável aos apetites sexuais mais delicados. Embalado pela minha mais nova "banda preferida de todos os tempos", tive que me render ao lirismo da temática e das letras e admitir que o assunto acabou por assombrar minha mente.

(modo sinceridade absoluta on)
A gente termina o namoro, e fica só pensando em sacanagem...
(modo sinceridade absoluta off)

Por uma incrível coincidência, acabei indo parar naquele blog safado daquela minha amiga, e deparo com uma obra prima no quesito "porquê essa mulherada só reclama". Meu amigo, você lê aquilo ali e não acredita. Primeiro, você não acredita que essa mulherada tem um dedo tão podre... Falando sério. Se você colocar uma delas diante de uma line-up de, digamos, uns 15 suspeitos, e pedir para criatura escolher um, pode ter 105% de certeza que ela vai escolher o mais louco, patife, crápula, e ainda por cima que bate na própria mãe. É certo.

Aí, você tem que testemunhar as "mocinhas indefesas" dizendo que os caras são pervertidos, que os caras são malucos, que os caras são estranhos... Estranhos???? ES-TRA-NHOS??

Cara, no dia que fazer um carinho num lindo e bem cuidado pezinho feminino ou admirar um belo exemplar de axila feminina for tão estranho assim, me tranquem num manicômio... Ou o mundo foi tomado pelos EMOs ou os Gays dominaram a terra.

Esquisito é mulher que só quer transar em 1 posição e ainda se acha no direito de não querer levar chifre. Esquisito é casal que não conversa sobre suas preferências e gostos na cama. Esquisito é não gozar. Esquisito é não sentir prazer. Esquisito
é fazer "grevinha de sexo" porque tá puta com o parceiro. Esquisito é morrer vergonha do próprio corpo e deixar isso afetar o prazer. Esquisito é vagabundo largar a mulher na cama com vontade de trepar e se vai pra frente do PC fazer sexo com uma webcam. Esquisito é a mulher inventar 1.572 desculpas pra não dar pro marido e depois ficar puta porque tomou uma bolada (virtual ou não) nas costas.

Para concluir, esse papo todo me lembrou do episódio de Sex And The City onde a pastel da Carrie tá ficando com um cara maneiríssimo, mas fica cismada que ele é perfeito demais pra ser verdade, então resolve descobrir algum "segredo sujo" dele. Num dia que o cara sai cedo do apartamento pra jogar com os amigos, e ela fica, a demente resolve fuçar nas coisas do cara (!!!) pra ver se acha alguma coisa. Encontra uma caixa de madeira com cadeado dentro de um armário e resolve que ali tem um segredo sujo. A mulher surta, tenta arrombar a caixa com um abridor de envelopes, quando de repente, o cara volta!!!! E pega ela com a boca na botija.

Cara, nunca ri tanto da cara de alguém quanto da dela nesse episódio. Todo castigo pra corno é pouco!!!!! E pra aumentar o grau de crueldade, e consequentemente, o meu de diversão... O cara, diz pra ela que mudou de idéia, que voltou pra ficar com ela... E pega a mulher aprontando uma merda dessas. Pois é... quem é o freak agora, Carrie? Tomaaaaaaaa!!!!

5 de maio de 2007

Não é nada, é só um entardecer.

Trabalhar num sábado no centro da cidade pode ser uma experiência interessante, para aqueles que têm olhos para ver. O ritmo da cidade é diferente, e a despeito da miséria humana e da feiúra urbana, a gente consegue enxergar coisas que elevam um pouco o espírito. E perceber que vivemos em um lugar geograficamente abençoado. Mas não é só isso.

Hoje terminei meus afazeres e saí do escritório naquele horário onde o sol de outono está caindo na tarde, já a caminho do entardecer completo. Na hora de atravessar a ponte, tive uma visão que nem todos os dias está disponível ao observador corriqueiro. A abóbada toda limpa, sem nuvem alguma, do mar da Baía até as montanhas da serra. A luz que o sol jogava naquele momento era aquele amarelo ouro que só vem no outono, aquela luz quente de se ver, mas que não aquece o ar com aquela vontade toda que no verão deixa a gente de mau humor.

Pude olhar à toda volta e não ver nenhuma nuvem. Pude olhar o reflexo no mar e pensar na vida, do jeito que eu gosto e me sentir melhor com relação a um monte de coisas. Às vezes eu me sinto um idiota por ser tão fácil de agradar, por um simples entardecer bonito ser capaz de me deixar contente e por carecer dessa famosa ambição que me cerca a todo momento. Me sinto um idiota por me sentir feliz às vezes, sem precisar andar vestindo, dirigindo e carregando códigos de status. Mas é nessa hora que eu olho em volta, e vejo a cara de outras pessoas que estão perto, tão absorvidas em seus problemas que obviamente não são capazes de ver o cenário, não são capazes de observar o céu de um lado a outro do horizonte. E pior, não são capazes de tirar nada disso. E não são capazes de deixar com que uma tarde os façam nem que seja um pouco mais felizes.

Nessa hora eu não me sinto mais idiota... Nessa hora eu me sinto bem, e fico querendo sinceramente que se danem todos os que têm a chance mas, não conseguem ver a beleza de um entardecer bonito como esse que vi hoje. Sei que muitos gostariam de ver e não viram porque não puderam, então eu me sinto muito bem em saber que aproveitei essa oportunidade. Aos que puderam e não tiveram olhos pra ver, só lamento. Suckers.